0005 - Cordel de Luiz Antonio Simas


TRÊS PORQUINHOS BRASILEIROS
Crianças, peço atenção:
Para apresentar agora
Três porquinhos brasileiros.
Cícero, o da viola
Heitor, mestre da folia
Prático, o engenheiro.

Que trabalha todo dia.
Cícero sabe ponteio ,
Baião e chula raiada
Heitor é de Santos Reis
Do samba, da marujada.
Prático não quer pandeiro:

– Viola não dá dinheiro,
Sanfona não dá morada.
Cícero fez uma casa
Com a folha da palmeira
Que dança ao vento da beira
Do porto de Cabedelo.

Trançou-a com graça e zelo
Que nem a mulher rendeira
Trança as cordas do cabelo.
Heitor fez casinha simples
De madeira à beira mar.
Na porta contra quebranto

Arruda e patuá.
A pombinha do Divino
A fé no Espírito Santo
E a guia de Oxalá.
Prático prefere pedra
Tijolo e argamassa

Trabalha e não quer graça
Folia, fandango, canto
Sem fole, sem acalanto
Sem descanso no domingo
Sem festa, sem dia santo.
Como estamos na floresta

Aqui lobo mau não manda.
Quem grita na nossa banda
Ameaçando a porcada
É ela, a onça pintada
Filha da jaguatirica
Yauaretê da mata.

Acontece que a felina
Escutou a barulheira
Que o Prático fazia.
O martelo despertou
A fome cruel da onça
Que acordada decretou
É hora da comilança!

Postagens mais visitadas deste blog

o poema "If", de Rudyard Kipling; tradução de Guilherme de Almeida

o que é inferência